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Dating : Entenda como o F.O.D.A. pode estar presente na sua vida

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Distúrbio é característico de uma fobia social e vem acumulando relatos na internet

Leonardo Oberherr
Pandemia tem potencializado inúmeros distúrbios psicológicos. (Foto: René Ranisch/Unsplash)

Com a pandemia, voltar a ter um primeiro encontro com outra pessoa se tornou um desafio. Primeiro, pelo medo de contrair a Covid-19; segundo, porque muitos estabelecimentos, considerados ideais para estes encontros, ainda sofrem restrições de funcionamento. Com tantas possibilidades de as coisas darem errado, especialmente as pessoas com ansiedade se tornaram presa fácil para o F.O.D.A. — sigla para fear of dating again.

Talvez quando voltarmos à rotina normal — coisa que já é realidade em outros países — você ouvirá falar ainda mais do F.O.D.A.. O fenômeno, que se tornou frequente durante a pandemia, possivelmente permanecerá após o surto do novo coronavírus, quando as pessoas poderão se dar conta de seu medo de ter encontros de novo, traduzindo livremente a expressão para o português.

De acordo com o psiquiatra Daniel Mesquita, o fear of dating again é uma característica de uma fobia social: “As pessoas já ficavam na expectativa com encontros antes da pandemia, mas neste período, ficou pior, justamente porque quem ficava ansioso — mas se obrigava a ir em encontros — agora está mais confortável em negar. Ela tem uma boa desculpa”, explica o médico.

Roberto*, 30 anos, morador do Rio de Janeiro, teve seu círculo de amigos e conhecidos alterado drasticamente quando se mudou, durante a pandemia, e ficou aproximadamente sete meses sem ver ninguém. Ele conta que os aplicativos de relacionamento tem servido para buscar novas amizades, mas que normalmente sai apenas com pessoas que já conhece, ou que foram apresentadas por algum amigo. “Tenho um sério problema com aplicativos de relacionamento, eu geralmente não falo com as pessoas por preguiça de desenvolver um assunto. Ultimamente tenho usado mais o Happn, pois nele aparecem pessoas próximas de onde estou.” O carioca completa falando do principal medo de ter estes encontros: “acho que talvez seja pelo meu receio de ser julgado, e não atender às expectativas da outra pessoa”.

Componente da ansiedade que pode gerar depressão

O medo de sair tem relação muito grande com a expectativa que se gera sob determinada ocasião, e esta ansiedade pode progredir para um quadro de depressão, como explica o psicólogo Filipe Campani. “Não diria, num primeiro momento, que resulte em depressão, é uma linha muito distante, mas, para uma fobia social ou um quadro de ansiedade, pode ser um princípio”, orienta o profissional da Rede Pública de Saúde de Sapiranga. O psiquiatra Daniel Mesquita completa: “considerando que [a ansiedade] pode provocar estresse nas pessoas que desejam ou sentem falta do contato, pode desenvolver depressão sim”, afirma.

Filipe Campani comenta ainda sobre o perfil dos seus pacientes: “Posso afirmar sem medo de errar que mais de 90% dos atendimentos que eu faço são voltados à solidão. As pessoas estão sofrendo com as consequências do distanciamento social e com os períodos de isolamento. Elas têm se sentido muito vulneráveis, tendo muitos questionamentos em termos de propósito na vida, que algo é bem recorrente. Quando se viram forçadas a buscar o preenchimento do tempo de forma mais solitária, as pessoas ficaram mais reflexivas, pensando em coisas que antes eram deixadas de lado.” — complementa Campani.

E como fica a situação pós-pandemia?

O psiquiatra Daniel Mesquita acredita que após o período pandêmico, as coisas poderão voltar ao normal, mas de forma gradual. É o que entende também o psicólogo Filipe Campani: “Dentro da população geral, em proporção, nós temos uma cota mais ou menos fixa de transtornos mentais e isso tende a se manter estável com o longo do tempo, mas em situações normais. Numa pandemia, podemos esperar sim um aumento nesses números, mas nada de absurdo” — reflete.

“Pensando que os transtornos de ansiedade vão oscilar entre 5% e 10% da população geral, é possível considerar um aumento [após a pandemia]. Mas a grande maioria das pessoas não precisará de maiores intervenções, como medicamentos ou acompanhamento. Vai ser normalizando, à medida que a rotina volte a ser estabelecida”, compreende Filipe.

*A fonte pediu para não ter seu sobrenome revelado.

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